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E as tarifas aéreas?

 

Começa a tardar a aprovação do novo tarifário aéreo entre os Açores e o continente, há muito anunciado.

Os açorianos foram informados da proposta do governo dos Açores, aquando da campanha eleitoral mas, até agora, nenhuma decisão foi tomada. O cidadão, continua a desembolsar quase 300 euros para se deslocar a Lisboa, normalmente por motivos imperiosos, pelo que dificilmente acredita que esse tarifário possa baixar. Admira-se, todavia, da criação de pacotes turísticos mais vantajosos oferecidos pelas transportadoras aéreas e operadores do ramo, destinados a cativar visitantes nacionais e estrangeiros.

Na demoradíssima apreciação da proposta do governo açoriano, vieram a público os pareceres de duas entidades: a ANA e a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores. A primeira, em vias de privatização após a venda a uma empresa francesa, defende um serviço público com ligações aéreas regulares apenas às duas maiores ilhas: São Miguel e Terceira. E a segunda entidade, representativa(?) do empresariado açoriano vai no mesmo sentido, propondo o fim de três das cinco “gateways” (Sta Maria, Faial e Pico) centralizando o tráfego do exterior em Ponta Delgada e Lajes, o qual seria distribuído pelas restantes ilhas nos aviões da SATA-Air Açores.
Desconheço os estudos económicos em que se baseiam estas propostas. A da ANA, pretende, certamente, reduzir nos aeroportos da Horta e de Santa Maria o custo dos serviços prestados a aeronaves de médio e longo curso, deixando antever que, mais anos menos ano, se transfira para Lisboa o Centro de Controlo Aéreo Oceânico de Santa Maria, pretensão antiga e temporariamente adiada.

A posição da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores, que, curiosamente, não vi divulgada pela imprensa de âmbito regional, nem contestada por entidades públicas e privadas, parece-me contrária ao desenvolvimento do arquipélago como um todo. A estratégia económica centralista, que lhe está subjacente, está ultrapassada, não se configura com os grandes investimentos em infraestruturas aeroportuárias, nem com os vários produtos e segmentos turísticos que as ilhas oferecem. Pretende-se, isso sim, rentabilizar os grandes investimentos hoteleiros das duas ilhas, projetados para o turismo de massas que, à partida, se sabia não faria sentido em ilhas com ecossistemas  frágeis, vocacionadas para o turismo de natureza.

Extinguir as ligações aéreas entre Lisboa/Santa Maria, Faial e Pico, representa onerar custos com transportes, hotéis e outros serviços similares, distantes dos destinos preferidos pelos visitantes.

Faz algum sentido que quem pretenda fazer passeios a pé, escalar a montanha do Pico e observar cetáceos no sul daquela ilha, considerado o santuário de baleias e golfinhos do Atlântico, faça escala em S.Miguel ou Terceira, e tome novo avião para a ilha de destino, sujeitando-se aos constrangimentos que todos conhecemos? E a quem aproveita este retrocesso nas ligações aéreas? Aos operadores ou aos visitantes?

Espero, sinceramente, que as entidades responsáveis pelas ilhas  penalizadas pela pretendida alteração dos voos com o continente, se debrucem sobre as consequências desta decisão, já que as instituições regionais privadas defendem interesses poderosos.

Compete às ilhas menos populosas, reivindicarem também tarifas mais baixas nas deslocações para a Terceira e São Miguel. Não se compreende que uma viagem de ida e volta entre o Pico ou Faial e São Miguel que dura cerca de 35 minutos, custe cerca de 150 €, quase o dobro da tarifa promocional para Lisboa.

Ao Governo compete salvaguardar a equidade nas acessibilidades, para que os investimentos efetuados nas últimas décadas beneficiem as populações.

Impõem, pois que os representantes públicos e privados das ilhas ameaçadas pela perda das gate-ways se unam em defesa dos direitos adquiridos, numa luta que mobilize a opinião pública e desperte a consciência dos cidadãos.

PS: A PSP de Ponta Delgada deteve dois indivíduos, no Mercado da Graça, por furtarem 2 sacos de batatas no valor de 24€. A notícia parece-me ridícula quando confrontada com crimes de lesa pátria que estamos todos a pagar, cujos alegados autores continuam impunes, vivendo à grande à francesa, sem que nenhuma força policial os detenha. Quando a prática da justiça se baseia em dois pesos e duas medidas, a sociedade está muito doente.

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